quarta-feira, junho 11, 2025

As coisas antigas de um país que parece distante

Neste país pequeno, não era tão longe como isso, o Algarve. Todavia, além da pobreza indigente das pessoas distantes do poder, quer da realeza quer da república, as comunicações e os usos eram mantidos em áreas delimitadas e quase impermeáveis. Foi isso que lembrei ao fazer a comparação com os tempos de agora e olhando duas representações do passado, no Museu de Olhão.

Segundo o que li: sapatos de ourelo que foram usados até meados do século passado, feitos de tiras de tecido em várias cores, pelica, cabedal e pele de coelho. Tanto para as crianças como para os adultos. Em Olhão, cerca de 70 mulheres dedicavam-se a essa manufactura, presumo que caseira.



Outra peça de vestuário inesperada que as mulheres aqui usavam, era o Bioco, capa ou capote de tecido pesado, preto, que cobria quase completamente a cabeça e o rosto, mais o corpo todo até aos pés. Li informações interessantes sobre o seu uso e, mais tarde, sobre a sua proibição. 


 

Penso em como ainda em tantas zonas do nosso mundo essa indumentária restritiva é obrigatória. Que sabemos nós dos critérios de usos e costumes das civilizações e doutrinas religiosas? O que é proibido, o que é aceite, o que é imposto?


Olhamos a superfície flutuante dos tempos e sempre queremos respostas. Que não existem.

Já de partida de um tempo mais solto que aqui passei, rendo-me às idiossincrasias da vida, a minha e a dos outros.

A mim persiste-me a ideia que muito se aprende olhando o passado: que fosse, pelo menos, uma lembrança, um aviso, para um futuro melhor. Melhor nas diferenças, melhor nas indiferenças.

 

  

domingo, maio 25, 2025

Os dias de (a)mar e aves

Os infindáveis aspectos deste mar tão azul. 

Os movimentos elegantes das aves.

A frescura das manhãs. A glória dos fins de dia.

O que me faz ficar e gostar. E voltar. 








O mesmo. O mesmo encanto.


quarta-feira, maio 14, 2025

De passagem

Deixo cravos de Abril, mesmo do próprio 25 de Abril.

Orquídeas que duram e duram,


à janela da gente amável.

 Até já. 

 


segunda-feira, maio 05, 2025

3 semanas PPP Abril 2025 - Restante

E no "Abril, águas mil" que se verificou este ano a sério, faltam as restantes escolhas para o PPP, as que foram publicadas e as inúmeras outras encontradas.

Dia 10 – Luz vs Sombra 

Acho que esta foto não precisa de descrição: na velha quinta, transformada em parque, este lugar entre pedras-sombra e verdes-sol.

Dia 17 – Profano vs Sagrado 

Numa visita a uma exposição de santos e presépios, dos mais variados feitios e materiais, reparei neste santo-feito-candeeiro. Não descobriria se não tivesse lido a placa: S. Francisco, protector dos animais. Fui investigar e trata-se de S. Francisco de Assis que deve ter sido o primeiro “ecologista” e “greenpeace” de que há memória. Isto esquecendo a Eva que, pelo que é conhecido, tinha uma atitude mais biológica, ao comer e partilhar maçãs. Diria a propósito “para mal dos nossos pecados”!

Mais um aspecto do sagrado do hábito das freiras ao lado do profano de quem passa:


 

Dia 24 – Antes vs Depois

A Mesquita-Catedral de Córdoba: uma obra absolutamente fascinante, com 13 séculos de História nos seus pergaminhos. Com efeito, foi templo de Visigodos, Muçulmanos e, finalmente, Cristãos. Andando por ela, nos magníficos claustros onde convivem arcos mouriscos e altares cristãos, é de uma grandeza e elegância difíceis de descrever. Infelizmente, as fotografias que tenho lembram-me que havia uma excursão de nipónicos por tudo o que era sítio: daí ter poucas imagens de conjunto, pois tinha de virar a máquina para o tecto ou para pormenores onde não estivessem pessoas. Aqui estão  aspectos do interior onde se percebe esse “antes e depois” que tanto me fascinou. Uma lição do passado sobre uma comunidade inclusiva. 

É claro, que de um lugar tão belo tirei muitas mais fotografias que aqui não caberiam...mas  apetecem-me algumas mais:






 

De muitos "antes versus depois" apareceram-me tantas sugestões, além da Mesquita de Córdoba!

Esta, por exemplo, é uma vista dos anos 80 que já não existe, foi-se a poesia e harmonia de uma pequena aldeia piscatória. Passei lá há poucos anos, num acaso, e não consegui tirar uma fotografia. Fiquei tão desolada com a azáfama das ruas e casas, e condomínios, e proibições, que só quis por-me dali para fora...


A Casa dos Bicos, que não sei como era, só em fotografias antigas, foi recuperada. É, desde 2012 a Fundação José Saramago. Na parte inferior do edifício, encontra-se um núcleo arqueológico do Museu de Lisboa, com as escavações mostrando vestígios da época romana e restos de muralhas da Cerca Moura



Passando para Mértola:


Nas fotos acima e abaixo, por trás do altar cristão, encontram-se partes da mesquita árabe



Eu, que nestes passos, aqui e ali, fico fascinada com a História dos tempos idos, com as vidas vividas, com os hábitos e transformações, sempre encontro algo para aprender.

 

segunda-feira, abril 14, 2025

Londres - a lembrar

Quando alguém próximo me fala que está, foi ou vai... ou dou de caras com os parques, as casas, as ruas, os museus, quer seja no facecoiso ou nas séries da tv, arrastam-se as memórias. Neste caso, Covent Garden. 

Fez ontem 10 anos que fomos para Londres uns dias, mais uma madrugada no aeroporto e as views from my window. Revendo, acho que parte de mim fica nestas coisas. (por isso, gostava de morrer de repente e sem memória). Para já, posso viajar no tempo que me sabe bem!


Para vôos mais baratos, não se vai aterrar em Heathrow que, sendo no sul-sudoeste, tem uma paisagem muito bela a partir do ar, em notando o desenho dos parques que conheço. E por isso nem se reparou na aproximação a Londres, a partir de Gatwick: campos verdes a perder de vista, bordejados por árvores com tons ainda desmaiados

O autocarro demora algum tempo, quase uma hora, até entrar na cidade mas entretanto vislumbravam-se pela estrada fora os acenos da Primavera.

E a paisagem corrida ia-me habituando à silhueta e às cores das casas que tão bem lembro...

                                   

O alojamento ficava a norte do Hyde Park. Como há muitos anos - a long time ago - tínhamos vivido sempre do lado sul, do lado de Kensington, foi sempre uma confusão, para mim, sair e apanhar o autocarro para a baixa da cidade; ainda por cima, com o fluxo de trânsito ao contrário. Deu para divertir, direita, esquerda!

O que me levou mesmo a pensar "outra vez" nisto, foi ter a pequena família a visitar a zona de Covent Garden. Aí fui e revi-me, de transparência feita.

Há ali um canto à direita onde era a loja "Past Times" que eu visitava sempre, para comprar postais, cadernos, coisas de outros tempos que devem andar por aqui, gavetas e prateleiras; já não existe.






Acabo este lote recordado na esquina do pub antigo e famoso lá do sítio: The White Lion.

(A pensar que nesse dia se saiu do hotel às 10h da manhã (a.m.) e, passados parques, ruas, mercados, todos os Turners e outros na National Gallery, voltando a Picadilly Circus e Soho, se chegou depois das 10h da noite, ou seja 10.00 p.m.)